Notícia retirada do site Ciência Hoje
Como transformar a paixão por um esporte tão popular quanto o futebol em alternativa para uma das principais necessidades dos países pobres? Ou, mais precisamente, como converter a energia dos chutes dos jogadores em energia elétrica?
Esta foi a pergunta que um grupo de quatro engenheiras da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, se fez. A resposta veio com a criação, há cerca de dois anos, de uma bola capaz de transformar em eletricidade a energia desse impacto, que normalmente é perdida para o meio.
Batizada de sOccket – combinação entre as palavras soccer (futebol, em português) esocket (soquete) –, a bola tem potencial para armazenar, a cada 10 minutos de jogo, energia suficiente para iluminar uma lâmpada LED por até três horas. Além disso, ela pode carregar celulares e baterias.
A inspiração das engenheiras veio das pistas de dança, onde a ideia de converter em luz a energia do movimento – no caso, dos dançarinos – já havia saído do papel. Nas noitadas, o 'truque' está em molas, acopladas ao piso, que captam a energia e a enviam para um gerador. Dele, é emitida a iluminação da própria pista.
Já a energia captada pela sOccket nos gramados conta com outros recursos. O dispositivo é, aliás, o mesmo empregado em lanternas que funcionam ao serem agitadas pelo usuário, conhecido como bobina de indução.
Dentro da sOccket, há um ímã e uma bobina desse tipo, que tem a forma de um cilindro e é envolvida por um fio elétrico. Nas partidas de futebol, o movimento da bola produz atrito entre o ímã e a bobina, gerando eletricidade.
Os países africanos não foram escolhidos para os testes dessa bola por acaso: na maioria deles, segundo relatório recente do Banco Mundial, 95% da população não têm acesso à eletricidade. Como alternativa, recorre-se ao nocivo querosene para a iluminação noturna.
O risco do uso do querosene para a saúde também já foi provado em números: o Banco Mundial mesmo estima que o efeito de respirar a fumaça liberada pela queima de querosene em ambientes fechados equivale ao de fumar dois maços de cigarros por dia.
A busca por fontes de energias renováveis deveria ser a primeira coisa a ser feita por nós, seres humanos. Infelizmente, o que ocorre é o contrário. Usamos combustíveis fósseis como fonte primária para nossos veículos de transporte (qualquer carro que utilize outro tipo de energia custa muuuito mais). No caso do Brasil, geramos um mega impacto ambiental a cada usina hidrelétrica construída. Isso sem contar as usinas termoelétricas e nucleares. Os mecanismos de produção de eletricidade a partir da energia solar, eólica ou tidal (das marés) ainda engatinha. Energia geotérmica ainda é um sonho (ou pesadelo, se você for dono de uma petrolífera).
O pior é que ainda questionam o trabalho das pesquisadoras que desenvolveram a bola sOocket, dizendo que não é uma bola que resolverá o problema de energia mundial. Mais importante do que a bola em si, é a iniciativa de buscar alternativas renováveis e não prejudiciais ao planeta.
Elas merecem é um prêmio!
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