Bicho estranho

Estava lendo um livro muito legal (que assim que eu terminar de lê-lo o transformarei em um post muito interessante) e revi nele um animal que me chamou muita atenção durante minha graduação e que eu nunca mais tinha ouvido falar.

É um bicho estranho, mas a estranheza dele não vem de um formato complexo ou cores múltiplas. A estranheza dele vem de sua simplicidade. Ele simplesmente é um monte de células quase sem diferenciação que estão fisicamente unidas (grudadas umas as outras), formando um pequeno tapete com o comprimento de uns 3 milímetros e a espessura de algumas células. O nome dele é Trichoplax adhaerens. Ele é tão diferente dos outros animais que foi criado um filo só para ele, chamado de Placozoa.

O pessoal da 6ª série (7º ano) de 2010 tem a obrigação de saber o que é um filo. Para os outros, um filo é um táxon (grupo de classificação) bem abrangente, o primeiro dos táxons mais importantes menor do que o reino. Como um exemplo, o reino dos animais (Animalia) é dividido em vários filos, sendo um deles o Chordata, onde estão agrupados os animais vertebrados.

Pra deixar o post bem completo, vou colocar algumas fotos desse bichinho e citar mais algumas informações importantes:

Essa foto mostra esse bichinho numa ampliação bem grande, algo em torno de 40x. Por ela, a gente pode perceber uma coisa muito importante: ele é assimétrico. Na escola, sempre classificamos os animais como bilateralmente simétricos ou radialmente simétricos. Os bilaterais são aqueles cujo corpo pode ser dividido em dois lados distintos (direito e esquerdo, de cima e de baixo, da frente e de trás), como por exemplo nós seres humanos. Os radianos são aqueles cujo corpo pode ser dividido em vários planos simétricos e por isso não dá pra dizer qual é o lado direito ou o esquerdo, como nas estrelas-do-mar.

Na prática, esse animal não tem frente nem costas, lado direito ou esquerdo. Até existe uma diferenciação nos tecidos ventral (de baixo) e dorsal (de cima). Ele pode se deslocar para qualquer lado e mudar a direção a qualquer momento, basta ele ser estimulado.

Essa segunda imagem mostra como o T. adhaerens se alimenta. Ao encontrar um alimento, ele se desloca em direção ao mesmo e o encobre com seu corpo, mais ou menos como uma planária faz. Contudo, mais uma peculiaridade: a digestão e realizada ali mesmo, fora do corpo. Depois de digerido, o alimento é absorvido pelas células da superfície corporal em contato com ele e distribuído pelo corpo do animal, célula a célula, assim como acontece com aqueles animais que não possuem sistema circulatório ou algo que o valha.

É isso gente, um pouco de informação sobre um animal que provavelmente a maioria de vocês (assim como eu) nunca verá na vida. E se ver, dificilmente dará a atenção que ele merece.

Até o próximo post!